Histórias de um compositor compulsivo.

domingo, 26 de abril de 2009

Quando a Lourdes Maria nasceu.

Quando a Lourdes Maria nasceu, eu já era um homem de cabelos brancos. Tinha idade para ser mais do que pai. Na idade em que muita gente já estava pensando em aposentadoria, eu comecei a transformar a minha realidade em sonho. A Lourdes Maria nasceu. Chegou de um jeito assim, como que pedindo licença para viver: num susto. E ganhou voz. A voz de alguém que, sem querer, acabou gostando das minhas músicas e queria cantá-las. Quando a Lourdes Maria nasceu, eu não sei se estava preparado para a missão. Talvez, eu fosse como um pai de primeira viagem, fazendo coisas por acreditar que estava certo. E errando por pura incompetência. A Lourdes Maria sobreviveu, apesar de prognósticos e diagnósticos não muito animadores. Sobreviveu, não por mim, mas por todos aqueles que, um dia, investiram tempo, esforço, grana e sonhos. A todos eles, de uma maneira piegas mas sincera, obrigado.

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Meu primeiro instrumento musical.

Não foi um violão. Se enganou quem acha que foi piano ou flauta. Quem arriscou bateria, chegou um pouquinho mais perto mas, mesmo assim, está a léguas de distância (milhas é mais chique?). Meu primeiro instrumento musical foi..... um sofá. Nada de muito estranho. Hermeto usa bichos e outros troços, por que eu não poderia tirar sons dos sofás da sala de minha mãe? A coisa toda tinha uma lógica sonora. A caixa era o braço das poltronas, o prato era um estribo português de metal (nunca mais vi uma peça dessas), os tons eram o encosto e o bumbo, bom, o bumbo estava na minha cabeça. Era colocar os discos de vinil de minha mãe (os do pai não davam, era de Agnaldo Timóteo à harpa de Luis Bordon, a maioria em 78 rotações por minuto) e dá-lhe pancada. Amada Amante, do Roberto Carlos era o ponto alto: depois da introdução feita em teclado, a entrada triunfal da bateria. Não ficou um sofá inteiro. Todos furados de fazer vergonha, mas isso era uma coisa que eu não tinha na época. Qual o problema se minha música abrisse um ou dois buracos nas velhas poltronas de nossa casa em Carmo da Mata? A paixão pelo instrumento era tanta que me fizeram uma promessa: "Quando você fizer 14 anos, vai ganhar uma bateria." O tempo passou, chegaram os 14 anos. A bateria, essa não chegou.

segunda-feira, 13 de abril de 2009

A primeira vez a gente também esquece.

Fiquei muito tempo sem celular. Achava que jamais iria ter um, depois de ter comprado um dinossáurico modelo PT 550, um trambolho que muitos insistiam em levar para os points e exibir como símbolo máximo de status. Depois do segundo, virou hábito e viciei. Também achei que passaria longe dos blogs da vida. Morro de preguiça, raramente leio, apenas faço uma concessão ou outra a amigos. Vai entender minha cabeça, apesar de tantos pesares e apesares, estou eu aqui, escrevendo um blog. Faço por diversas razões. A primeira delas, porque é fácil pra caramba. Um clique aqui e outro ali e pronto. A segunda, porque tenho essa frase feita há muito tempo: o compositor mais inédito do mundo. Tentei escrever um livro usando tal tema como título. Saiu uma merda de um texto bem chinfrim. A terceira razão? Ainda não encontrei. Talvez, no dia-a-dia, eu entenda o porquê de passar por cima da preguiça, da minha desqualificação para a escrita (apesar de ser redator publicitário) e da certeza de que já tem blogs demais nessa vida.

O Compositor Mais Inédito do Mundo, espero, será o relato de histórias reais ou fantasiadas de quem escreve músicas o tempo todo e nunca conseguiu gravar nenhuma. Ainda. Mas, como nome de blog e como expressão, acho que funciona. E como escrevi no título, rapidinho vou esquecer esta primeira vez.